segunda-feira, maio 29, 2006
sexta-feira, maio 26, 2006
quinta-feira, maio 25, 2006
Manifesto anti-bandeira!
Os venezianos tem a sua Bienal.
Os de S. Paulo também.
Nós temos a Bienal da Bandeira à Janela.
Com o Euro 2004 começou esta praga.
Bandeiras portuguesas mal amanhadas engalanavam ruas inteiras.
A expressão bandeirada de táxi nunca esteve tão bem aplicada. Não havia taxista que não ostentasse a dita na traseira do carro.
Bandeiras amarradas nas cabeças, cinturas, pulsos e nos cães.
Bandeiras encardidas ao lado do retrato do João Paulo II.
Muito gostam os portugueses de pôr coisas à janela. Nos anos 80 e 90 eram os autocolantes e os Garfields de peluche com ventosas. Pelo Natal lá penduram o pai do dito e há sempre uma faustosa árvore que brilha mais que a do vizinho...isto não falando nos arranjos florais dos cemitérios...fica para uma próxima oportunidade.
Assim como é passível de multa, fazer um anexo no quintal sem autorização camarária, também deviam ser multados todos aqueles adornam a sua marquise com o pedaço de cetim-de-forro vermelho e verde.
Dois anos depois a saga continua.
Em vez bandeiras que tal sardinheiras?
Gente Gira
Ao vasculhar uma daquelas caixas de plástico que são óptimas para guardar papéis, atoalhados e fazer salmouras, dei de caras com um bloco Windsor & Newton (sim, não é uma sebenta qualquer, mas também se fosse fazia o mesmo efeito) carregadinho de frases soltas, cartazes de cinema do Público, apontamentos de reuniões e coisas várias. Mas o que realmente o torna tão especial e importante, são os desenhos, meus e do meu amigo Vieira, que foram feitos num certo período das nossas vidas e que ilustram os nossos colegas mais peculiares, com quem nos cruzavamos diariamente, no elevador, no bar, nos corredores, na fotocopiadora (como é o caso deste que vocês podem ver mais acima) e que serviram de fonte para desenhos...bastante realistas e inspirados. Isto é verdade...eles existem.
quarta-feira, maio 24, 2006
terça-feira, maio 23, 2006
sábado, maio 20, 2006
Hoje acordei com esta música na cabeça.
Todos me dicen el negro, llorona
Negro pero cariñoso.
Todos me dicen el negro, llorona
Negro pero cariñoso.
Yo soy como el chile verde, llorona
Picante pero sabroso.
Yo soy como el chile verde, llorona
Picante pero sabroso.
Ay de mi, llorona, llorona,
Llorona llévame al río.
Tápame con tu rebozo llorona
Porque me muero de frío.
Si porque te quiero quieres, llorona
Quieres que te quiera más.
Si ya te ha dado la vida llorona
Que más quieres, quieres más?
La Llorona
sexta-feira, maio 19, 2006
Dá-se Kefir!
Foto gentilmente cedida pelo meu camarada Sérgio Santos.
Dá-se a quem estimar. Não ladra, não tem cio, não larga pêlo, requer alguma atenção, aguenta dois dias sózinho a boiar em leite quente-não-fervido. Cresce muito, logo o ideal é uma casa com jardim. Gosta de banho. Quem tem um destes, afirma-se uma pessoa mais bem disposta e com energia. Cura todas as maleitas. Se não houver candidatos num prazo de 24 horas, o mais certo é ir parar ao Tejo...
Atenção: Antes de o adquirir, pensem bem se tem todas as condições para lhe dar uma vida feliz. E só é aceite candidato a dono, quem tiver mais de 18 anos, se for menor de idade só com uma declaração do encarregado de educação.
Dá-se a quem estimar. Não ladra, não tem cio, não larga pêlo, requer alguma atenção, aguenta dois dias sózinho a boiar em leite quente-não-fervido. Cresce muito, logo o ideal é uma casa com jardim. Gosta de banho. Quem tem um destes, afirma-se uma pessoa mais bem disposta e com energia. Cura todas as maleitas. Se não houver candidatos num prazo de 24 horas, o mais certo é ir parar ao Tejo...
Atenção: Antes de o adquirir, pensem bem se tem todas as condições para lhe dar uma vida feliz. E só é aceite candidato a dono, quem tiver mais de 18 anos, se for menor de idade só com uma declaração do encarregado de educação.
quinta-feira, maio 18, 2006
quarta-feira, maio 17, 2006
segunda-feira, maio 15, 2006
Rituais
Ritual que prezo, embora ultimamente seja difícil manter, são as manhãs de sábado passadas no café do Germano, a ler o jornal e a ouvir as últimas notícias do bairro e da vizinhança.
Sim confesso, cusco as conversas alheias, mas quem não fica de ouvido à escuta com as conversas à nossa volta que atire a primeira pedra!
Sábado passado o ritual cumpriu-se e fiquei contente por ver o "Marcha atrás", figura ímpar da mobilidade urbana (*faz-se deslocar de cadeira de rodas, devidamente equipada com um assento de bolas de massagem, daqueles que usam os taxistas) ao balcão do Germano, a dissertar sobre as diferenças (ou semelhanças) de mobiliário da Moviflor e do IKEA. Passo a citar: "... a Moviflor já tem história em Portugal, mobilou muita casa, o outro (IKEA) é material descartável, não aguenta muito!". Um tratado sobre design e qualidade!
A galeria dos presentes é uma verdadeira mostra da perfeita convivência entre os povos. Desfilam e estacionam grupos de idosas cuscuvilheiras, encharcadas em plix (famoso colorante que transforma cãs cabeleiras em nuvens aniladas), ciganos que vendem roupa enquanto engolem a merendinha panike, pares por uma noite que depois de saciadas outras fomes, aconchegam o corpo e a alma com torradas e galões, coleccionadores de isqueiros e imperiais, o alfarrabista do Terreiro de Paço, em frente ao Martinho, também lá pára em intermináveis monólogos, uma frequentadora "sarampo-mal-curado" como diz uma conhecida minha, referindo-se a gente com "panca", toma a meia de leite sempre vestida com roupinha "vintage" no verdadeiro sentido da palavra, casaco verde-esmeralda, modelo anos 50, conjugado com bata florar, já para não falar nos óculos também retro e sempre com dedadas de refogado, enfim adereços que fariam inveja a muitos frequentadores do Bairro Alto e afins. E mais, muito mais...
O filho do proprietário é um jovem estilista, que trabalha a tempo inteiro no café, mas que fala sobre todos os assuntos, nomeadamente, já o ouvi mandar bitates sobre informática, literatura light, barcos de vela e caras famosas, enquanto com a mãozinha sapuda e dedinho mindinho arrebitado barra manteiga em torrada alheia.
Em cima da arca dos gelados da Nestlé figura sempre ao lado do Boletim do Atlético Futebol Clube o inigualável 24 Horas.
O famoso Germano é um senhor bem disposto, mas que devia cortar e limpar mais vezes as unhas.
Qual Versailhes qual Brasileira! os di Roma que aprendam com o Café do Germano!
Enfim todo um manancial que mantém vivo e humaniza um bairro.
quinta-feira, maio 11, 2006
Sem Título # 1
Estou aqui a olhar para a terrível folha em branco.
De qualquer forma consegui vencê-la...escrevi estas parcas palavras.
quarta-feira, maio 10, 2006
Reticências...
Quero fazer isto agora, como sempre quis, com o mesmo resultado; Mas que bom ter o propósito claro, firme só na clareza, de fazer qualquer coisa!
Vou fazer as malas para o Definitivo, Organizar Álvaro de Campos.
Vou fazer as malas para o Definitivo, Organizar Álvaro de Campos.
E amanhã ficar na mesma coisa que antes de ontem — um antes de ontem que é sempre...
Sorrio do conhecimento antecipado da coisa-nenhuma que serei.
Sorrio ao menos; sempre é alguma coisa o sorrir... Produtos românticos, nós todos... E se não fôssemos produtos românticos, se calhar não seríamos nada. Assim se faz a literatura... Santos Deuses, assim até se faz a vida!
Os outros também são românticos.
Os outros também são românticos.
Os outros também não realizam nada, e são ricos e pobres.
Os outros também levam a vida a olhar para as malas a arrumar.
Os outros também dormem ao lado dos papéis meio compostos.
Os outros também são eu.
Vendedeira da rua cantando o teu pregão como um hino inconsciente,
Rodinha dentada na relojoaria da economia política,
Mãe, presente ou futura, de mortos no descascar dos Impérios,
A tua voz chega-me como uma chamada a parte nenhuma, como o silêncio da vida...
Olho dos papéis que estou pensando em arrumar para a janela,
Por onde não vi a vendedeira que ouvi por ela,
E o meu sorriso, que ainda não acabara, inclui uma crítica metafisica.
Descri de todos os deuses diante de uma secretária por arrumar,
Fitei de frente todos os destinos pela distração de ouvir apregoando,
E o meu cansaço é um barco velho que apodrece na praia deserta,
E com esta imagem de qualquer outro poeta fecho a secretária e o poema...
Como um deus, não arrumei nem uma coisa nem outra...
Álvaro de Campos
Álvaro de Campos