sexta-feira, outubro 30, 2009

um tempo morno

Meu amor adeus
Tem cuidado
Se a dor é um espinho
Que espeta sozinho
Do outro lado
Meu bem desvairado
Tão aflito
Se a dor é um dó
Que desfaz o nó
E desata um grito
Um mau olhado
Um mal pecado
E a saudade é uma espera
É uma aflição
Se é Primavera
É um fim de Outono
Um tempo morno
É quase Verão
Em pleno Inverno
É um abandono
Porque não me vês
Maresia
Se a dor é um ciúme
Que espalha um perfume
Que me agonia
Vem me ver amor
De mansinho
Se a dor é um mar
Louco a transbordar
Noutro caminho
Quase a espraiar
Quase a afundar
E a saudade é uma espera
É uma aflição
Se é Primavera
É um fim de Outono
Um tempo morno
É quase Verão
Em pleno Inverno
É um abandono

Fausto
Por Que Não Me Vês

P´ra nunca deixar de ser

Quando eu for grande quero ser
Um bichinho pequenino
P´ra me poder aquecer
Na mão de qualquer menino
Quando eu for grande quero ser
Mais pequeno que uma noz
P´ra tudo o que eu sou caber
Na mão de qualquer de vós
Quando eu for grande quero ser
Uma laje de granito
Tudo em mim se pode erguer
Quando me pisam não grito
Quando eu for grande quero ser
Uma pedra do asfalto
O que lá estou a fazer
Só se nota quando falto
Quando eu for grande quero ser
Ponte de uma a outra margem
Para unir sem escolher
E servir só de passagem
Quando eu for grande quero ser
Como o rio dessa ponte
Nunca parar de correr
Sem nunca esquecer a fonte
Quando eu for grande quero ser
Um bichinho pequenino
Quando eu for grande quero ser
Mais pequeno que uma noz
Quando eu for grande quero ser
Uma laje de granito
Quando eu for grande quero ser
Uma pedra do asfalto
Quando eu for grande...
Quando eu for grande...
Quando eu for grande quero ter
O tamanho que não tenho
P´ra nunca deixar de ser
Do meu exacto tamanho

José Mário Branco
Quando Eu for Grande (Carta Aos Meus Netos)

às vezes pretextos fúteis

Dias úteis
às vezes pretextos fúteis
pra encontrar felicidade
no percurso de um só dia
Dias úteis
são tão frágeis as verdades
que se rompem com a aurora
quem as não remendaria?
Dias úteis
mesmo se a dor nos fizer frente
a alegria é de repente
transparente
quem a não receberia?
Mesmo por pretextos fúteis
a alegria é o que nos torna
os dias úteis
Dias raros
aqueles que por amparos
do bom senso e da imprudência
fazem os prazeres do dia
Dias raros
como os ares, rarefeitos
amores mais do que perfeitos
quem os recomendaria?
Dias raros
em que os mais dados às rotinas
ouvem sinos, seguem sinas
cristalinas
quem as não perseguiria?
Por motivos talvez claros
o prazer é o que nos torna os dias raros
Por pretextos talvez fúteis
a alegria é que nos torna os dias úteis
Por motivos talvez claros
o prazer é o que nos torna os dias raros
Por pretextos talvez fúteis
por motivos talvez claros

Sérgio Godinho
Dias Úteis
Domingo no Mundo, 1997

Eu que me comovo por tudo e por nada...

gosto dele!

quinta-feira, outubro 29, 2009

cada dia sem gozo não foi teu
foi só durares nele. quanto vivas
sem que o gozes, não vives.

ricardo reis

Não perdi!

Chicks Night Out

Resolução pós-férias:

Fazer mais encontros como o de ontem à noite: boa companhia, jantares regados a sangria, noites serenas e muita conversa.

Pequeno-Almoço | Grandes Filmes






Revi hoje no canal Hollywood enquanto saboreava torradas e café...
Uma boa maneira para começar estes dias...úteis.