terça-feira, julho 29, 2008

Injustiças


- Meu Deus, como somos injustos com nosso corpo. De quem nos esquecemos mais? É dos pés, coitados, que rastejam para nos suportar. São eles que carregam tristeza e felicidade. Mas como estão longe dos olhos, deixamos os pés sozinhos, como se não fossem nossos.

Só por estarmos em cima, calcamos os nossos pés. Assim começa a injustiça neste mundo.

Mia Couto, A História dos aparecidos, Vozes Anoitecidas

sábado, julho 26, 2008

geometrias




no alentejo


Verão I



OS DIAS DE VERÃO
Os dias de verão vastos como um reino
Cintilantes de areia e maré lisa
Os quartos apuram seu fresco de penumbra
Irmão do lírio e da concha é nosso corpo
Tempo é de repouso e festa
O instante é completo como um fruto
Irmão do universo é nosso corpo
O destino torna-se próximo e legível
Enquanto no terraço fitamos o alto enigma familiar dos astros
Que em sua imóvel mobilidade nos conduzem
Como se em tudo aflorasse eternidade
Justa é a forma do nosso corpo

Sophia de Mello Breyner

são sempre únicos.

quarta-feira, julho 23, 2008

Verão


um caso mais

Enquanto foi só um bom momento deu
Enquanto foi só um pensamento meu
Deus, deu só num caso forte a mais.
Enquanto se achava graça ao que se escondeu
E as horas eram mais longas do que a verdade
Fez p'ra ser só outro caso mais.
Enquanto for só ternura de Verão
Eu vou,
Enquanto a excitação der para um carinho
Eu dou.
Traz
Uma leveza
Ah, mas concerteza
Eu dou
Um outro melhor bom dia.
Já trocámos nortadas por vento sul
Enquanto demos risadas foi-se o azul
Nem sei qual deles foi azul demais.
Mas não ficará só a sensação de cor
Nem sei o que o coração irá dizer de cor
Se o Inverno for, depois, duro demais.

Trovante
Acabou de passar esta música na rádio e depressa voltei atrás uns bons anos, se calhar 20, não sei, sei é que já tem uns aninhos... e que continuo a gostar muito dela.
Lembrei-me das férias passadas em família e amigos, dos meses de Verão dividos pela Costa da Caparica, pela Comporta ou porAlbarraque, das almoçaradas que se prolongavam pela tarde até quase anoitecer, dos banhos tomados no tanque da Fazendinha, do cheiro a casa fechada, do som do vento no chorão, da praia de manhã, à tarde e à noite, das nuvens, do creme nívea e dos gelados da Rua dos Pescadores.
São muitas as memórias que esta música me trás.
Ela tem o embalo das noites mornas de Verão...

Há letras e letras...há ir e voltar!

Ouvida num táxi um destes dias...

"és Maria Madalena
Rainha das tentações
já te conhecem de longe
que destrói os corações

és Maria Madalena
mas não és arrependida
vendes amor e prazer
seja de noite ou de dia"


Há mais:
(uma canção dedicada a todos os mirones que existem por essas praias fora...)

"olé olé
topless topless
em todo o lado
ainda estou atordoado
com o que vi de lés a lés

alguma coisa em mim
mexia com tudo o que estava a ver
que desafio!
maminhas de todo o feitio
aquilo era só escolher"

Não sei o nome do artista, mas tenho pena...

quinta-feira, julho 17, 2008

Raya Real

guadiana

partida-lagarta-fugida

a ponte é uma passagem para a outra margem



pesada cruz


esquinas

tinto de verãno ...com casera



um dó li tá...cara de amendoá...sempre difícil a escolha


paragem obrigatória há uns anos... os camarões eram comprados na loja e comidos nas traseiras em longas mesas corridas. para empurrá-los havia cañas, pão estaladiço e frascos de "mayonesa"... tudo em self service. depois da comezaina vinha alguém que atirava os restos para o chão...depois era só varrer... e era sempre a aviar!
além do camarão tigre e moçambicano, vendem barcos em miniatura e toda a parafernália para a sua construção.
just do it

olhai por nós


a acompanhar una copa

nas alturas

na praça mudejar

malageña salerosa

...



é onde me sinto...