sábado, dezembro 15, 2007

Crónica Natalícia

Ontem ao final da tarde, na saída do metro do Chiado, um senhor com óculos fundo de garrafa e barrete vermelho debruado a "branco-sujo-cinza", ofereceu-me um exemplar do Destak Fim de Semana. Chamou-me a atenção a crónica que se segue, que li no meio do turbilhão típico do Chiado.
Reflecte um pouco o que eu sinto em relação a esta época.
Quando acabei de ler, senti necessidade de estar sozinha e refugiei-me numa igreja ali perto (não me lembro qual...). Posso dizer que encontrei alguma paz interior, foram apenas alguns minutos, alguns minutos comigo própria, sem ouvir nem ver ninguém. Quando saí senti-me bem e pronta para estar de novo com os outros.
Se pudesse era o que faria durante esta época: Fugiria para um casulo e deixaria o Dezembro passar. Janeiro seria o reencontro.

----------------------------------------------------------------------------------

Para aqueles que odeiam o Natal
14 12 2007
Isabel Stilwell

É suposto andarmos aos saltinhos pelas ruas, a cantar cânticos de Natal, espalhando alegria e caramelos pelas crianças, à procura dos presentes mais originais e personalizados, fazendo embrulhos cheios de laços complicados, e abraçando todos os estranhos que encontramos pelo caminho.
O politicamente correcto tem destas coisas, e as generalizações não lhe ficam atrás. Para muitas pessoas o Natal é mesmo uma época de festa e boa disposição, em que se corta com a rotina e se repetem rituais que dão imenso sentido à sua existência. São aquelas, dizem os psicólogos, que tiveram uma infância feliz e experiências suficientemente gratificantes, para as desejarem não só repetir como passar à geração seguinte, a filhos e depois a netos. Em cada gesto há uma história, desde o musgo, que foi sempre apanhado em família, até à massa das filhoses, que se preparou ancestralmente daquela maneira.

Mas depois há os outros, e as estatísticas dizem que são muitos, que se sentem francamente deprimidos perante esta agitação colectiva. Em lugar de se sentirem felizes, sentem-se tristes, em vez de estarem a pulsar de energia, só têm vontade de ficar na cama sob o edredão, e deixar toda esta "quadra" passar, e o mais depressa possível. O Natal confronta-os com a família ideal, com um pai e uma mãe felizes com o seu filho perfeito, acolhido pelos anjos, visitado pelos pastores, a criança centro de todas as atenções, que provavelmente nunca tiveram a oportunidade de ser. Podem ter memórias tristes destes dias, em que a crise lá em casa estalava invariavelmente, em que se sentiam atirados por um pai contra uma mãe, ou em que pura e simplesmente assistiam de longe ao Natal convencional dos outros, enquanto eles permaneciam ausentes, no sentido literal ou figurado. Mas também é possível que lamentem o que perderam, porque era tão bom e nunca mais foi como a memória idealizada que construíram. Ou, tão ou mais duro ainda, perderam entretanto as figuras do seu "presépio" pessoal, e não encontraram nas voltas que deram pelo mundo ninguém que fizesse as suas vezes.

O pior é que aqueles que odeiam o Natal, e se sentem mais em baixo nesta época, são olhados como desmancha-prazeres. A tristeza e a depressão são doenças altamente contagiosas, e é quase um instinto de defesa que o resto do clã - profissional ou familiar - marginalize aqueles que, não conseguindo entrar na festa, lhes lembram todas as angústias que tanto se esforçam por esquecer. Sozinhos e isolados, com a sensação de que sofrem de algum mal só seu, porque todo os outros parecem tão contentes, não podem mesmo deixar de detestar tudo e todos os que transportam aquela alegria que se lhes torna dolorosamente insuportável.

O final do ano, mesmo aqui ao lado, também não ajuda, sobretudo se por temperamento se gosta de fazer balanços. Devo ficar ou ir embora? O que é que consegui no ano que passou que se visse? Quando é que vou sair desta mediocridade, acabar esta relação, mudar de emprego, ter a coragem de começar tudo de novo? As perguntas são tantas como as pessoas, mas pôr tudo em causa pode ser carga a mais para a nossa carroça.

Então, e o que fazer? Para já, para já, aconselham os especialistas, aceitar o que sente. Não lhe apetece este ano brincar ao Natal, então não brinque - procure um Natal alternativo, parta para as Bahamas, onde as palmeiras e o sol lhe trazem menos memórias. Se é mesmo só esta data que o deprime, aceite que se calhar não há muita volta a dar, mas se o que acontece é que se sente deprimido há muito tempo, e este é apenas o pico do seu mal-estar, então encha-se de coragem e procure ajuda. Um psicoterapeuta pode ajudá-lo a identificar essas feridas no passado - ou no presente - que lhe tornam impossível andar com a vida para a frente. Ofereça a si mesmo essa terapia como presente de Natal. Pode ser o primeiro passo para uma segunda oportunidade...

Cabine de Som # 9



"Operários do Natal"
1978

Os amigos

Quem faz o Natal para todos nós? São os amigos
Quem nos dá prazer e dá calor? São os amigos
A quem é que damos a ternura? É aos amigos
A quem é que damos o melhor? É aos amigos

Os amigos são o nosso bolo de Natal
Cada amigo nosso vale mais que um Pai Natal
É um irmão nosso que trabalha no Natal
E com suas mãos faz a diferença do Natal

O dinheiro pouco importa
O que importa é a verdade
E a prenda mais valiosa
É a prenda da amizade

Quem faz das tristezas forças
E das forças alegrias
Constrói à força de Amor
Um Natal todos os dias.


Tinha 7 anos e ouvia o disco vezes sem conta.

Podiam ser estrelas...

Puto

Faz-meLomoMaisAvante



No Palco Arraial onde nada corre mal!

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Ora bolas

General para Corto Maltese:
- A sua cara não me é estranha já devo tê-la visto noutro lugar!
Corto Maltese:
- Asseguro-lhe que é impossível. A minha cara nunca mudou de lugar, General...sempre esteve comigo!

Corto Maltese na Sibéria

Gostar



- Gostas muito de mim?
- O suficiente para amansar todos os tigres do mundo!

Norwegian Wood
Haruki Murakami

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Nas tuas mãos...




Na palma da sua mão, onde os outros desenharam as linhas de uma cela, aí aprisionaram a história da sua vida.
E, filho da Arábia que sou, só posso odiar um pássaro aprisionado.
De cada vez que me deres a tua mão, eu apago uma linha, e solto os pássaros.

Salman Masalha, poeta palestiniano

Mais uma visão turva

Outra gata



Pé Lua

Gata



Chili com Carne atenta a não sei o quê, mas também não interessa para o caso.