segunda-feira, outubro 27, 2008
palavras sábias
“Tudo isso é muito bonito – respondia Cândido –, mas o que é preciso é cultivar o nosso jardim.”
Cândido, de Voltaire
Cândido, de Voltaire
quinta-feira, outubro 23, 2008
Poesia para um fim de tarde
A hora da partida soa quando
Escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça.
A hora da partida soa quando as árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse.
Soa quando no fundo dos espelhos
Me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida.
Sophia de Mello Breyner
Escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça.
A hora da partida soa quando as árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse.
Soa quando no fundo dos espelhos
Me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida.
Sophia de Mello Breyner
terça-feira, outubro 21, 2008
Livros
(...)
Eis o meu segredo:
Todas as noites
Me deito num livro
Para em outra vida
Desaguar
(...)
Mia Couto
in Idades Cidades Divindades
Eis o meu segredo:
Todas as noites
Me deito num livro
Para em outra vida
Desaguar
(...)
Mia Couto
in Idades Cidades Divindades
sexta-feira, outubro 17, 2008
Hoje lembrei-me do Chico
Amando noites afora
Fazendo a cama sobre os jornais
Um pouco jogados fora
Um pouco sábios demais
Esparramados no mundo
Molhamos o mundo com delícias
As nossas peles retintas
De notícias
Amando noites a fio
Tramando coisas sobre os jornais
Fazendo entornar um rio
E arder os canaviais
Das páginas flageladas
Sorrimos, mãos dadas e, inocentes
Lavamos os nossos sexos
Nas enchentes
Amando noites a fundo
Tendo jornais como cobertor
Podendo abalar o mundo
No embalo do nosso amor
No ardor de tantos abraços
Caíram palácios
Ruiu um império
Os nossos olhos vidrados
De mistério
Amando sobre os jornais
Chico Buarque
quinta-feira, outubro 16, 2008
quarta-feira, outubro 15, 2008
terça-feira, outubro 14, 2008
sexta-feira, outubro 10, 2008
Ver não Ver...
Dizem que a paixão o conheceu
dizem que a paixão o conheceu
mas hoje vive escondido nuns óculos escuros
senta-se no estremecer da noite enumera
o que lhe sobejou do adolescente rosto turvo pela ligeira náusea da velhice
conhece a solidão de quem permanece acordado
quase sempre estendido ao lado do sono
pressente o suave esvoaçar da idade
ergue-se para o espelho
que lhe devolve um sorriso tamanho do medo
dizem que vive na transparência do sonho
à beira-mar envelheceu vagarosamente
em que nenhuma ternura nenhuma alegria
nenhum ofício cantante
o tenha convencido a permanecer entre os vivos
Al Berto
quinta-feira, outubro 09, 2008
quarta-feira, outubro 08, 2008
Refogado
Hoje de manhã fui ver a exposição Victor Belém Cinquenta Anos de Arte, na Galeria do Palácio Galveias.
No ar sentia-se um cheiro forte a refogado.
Há música ambiente nos elevadores porque não cheiros ambientes?